quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Entrevista + Discografia de Jovelina Perola Negra


]
Jovelina Farias Belfort, 21 de julho de 1944 de Botafogo, Rio de Janeiro, RJ
Data de falecimento 2 de novembro de1998 (54 anos)


Discografia

  1. Raça Brasileira (participação em três faixas), 1985
  2. Jovelina Pérola Negra, 1986
  3. Luz do Repente, 1987
  4. Sorriso Aberto, 1988
  5. Amigos Chegados, 1990
  6. Sangue Bom, 1991
  7. Pagodão da Jovelina, 1993
  8. Vou da Fé, 1993
  9. Samba Guerreiro, 1997
  10. Duetos, As 20 preferidas de Pérola Negra, 1997
Foi uma das grandes damas do samba e do pagode. Voz rouca, forte, amarfanhada, de tom popular e força batente. Herdeira do estilo de Clementina de Jesus, foi, como ela, empregada doméstica antes de fazer sucesso no mundo artístico.

O estilo muito pessoal conquistou muitos fãs no meio artístico; na Império Serrano,  Jovelina foi Pastora da Escola e ajudou a consolidar o que é chamado hoje de pagode.

Zeca Pagodinho,  gravou ‘Bagaço da Laranja”, Maria Bethânia,   apresentação no Terreirão do Samba, na Praça Onze de Junho, de onde a diva da música popular brasileira só saiu depois de ouvir "dona Jove versar". 

Alcione já homenageou a "Pérola Negra" em um de seus melhores discos, "Profissão Cantora". 

Entrevista concedida à revista RAÇA Brasil, tempos antes de sua morte

RAÇA BRASIL - Como foi o primeiro encontro de você com a música?
JOVELINA PÉROLA NEGRA - Na minha família ninguém cantava e eu não achava que tinha uma boa voz. Quem dizia que eu cantava bem não me dava força para tentar uma carreira. Antigamente, era "brabo" para entrar numa gravadora. Quando me separei do meu marido, comecei a cantar na noite por todo o Rio e participava das rodas de samba com o Zeca Pagodinho, na Galeria do Samba.

RAÇA - Quando você se tornou cantora profissional? 
JOVELINA - Depois de me apresentar na noite, durante oito anos, fui cantar na televisão, no programa Som Brasil. O Milton Manhães(produtor de nove discos de Jovelina) gostou e me convidou para gravar um disco. 

RAÇA - É verdade que a gravadora rejeitou seu primeiro trabalho? 
JOVELINA - É. Mas o trabalho não era só meu. Tinha também Zeca Pagodinho, Mauro Diniz, Elaine Machado e Pedrinho da Flor. Eram 12 músicas num demo vinil, que chamamos de Raça Brasileira. O pessoal da RGE não gostou. Só conseguimos gravar porque um diretor da gravadora, o seu Bruno, decidiu bancar sozinho o disco.

RAÇA - E o que aconteceu? 
JOVELINA - O disco estourou de tal maneira que a gravadora entrou em desespero. Com o sucesso, chamou cada um de nós para gravar um disco-solo. O Zeca foi. Eu fiquei com medo do fracasso e não fui. Só gravei um ano depois porque o Dagmar da Fonseca me disse: "Você já assinou contrato, tem que ir, senão paga multa". Tive que ir. Eu vivia na maior dureza num barraco em Belford Roxo e tinha dois filhos pequenos para criar.

RAÇA - Depois de 11 discos, como é sua relação com as gravadoras? 
JOVELINA - Não dou confiança pra gravadora. Eles têm que vender. Eu tenho que cantar. É só!

RAÇA - Você continua desfilando na Império Serrano? 
JOVELINA - Gosto da escola, mas não desfilo mais. Faço muitos shows por todo o país e não tenho tempo de me preparar para o Carnaval. 

RAÇA - O que você acha dessa explosão de novos grupos de samba?
JOVELINA - Todos merecem uma oportunidade. O povo sabe selecionar.Deixa o pessoal ganhar dinheiro. Gosto de todo mundo. Participei de um disco de rap do MC Marcinho. Já batizei 22 grupos de samba. Também gosto do pessoal do funk. 

RAÇA - Você já cantou em outros países? 
JOVELINA - Já cantei em Angola, na França e no Japão.

RAÇA - Como você vê a questão racial no Brasil? 
JOVELINA - Racismo existe. O negro é discriminado. Se você vai a um lugar onde só há brancos, não é visto com bons olhos. Eu sou devagar, não vou a festa em que não sou convidada. No shopping e em qualquer lugar onde aconteça de não ser tratada muitíssimo bem, viro as costas e vou embora.

RAÇA - O sucesso melhorou a sua situação financeira? 
JOVELINA - Deu para fazer um pé-de-meia. Já comprei um barraco legal em Jacarepaguá. Mas pretendo ganhar muito mais dinheiro. Quero deixar meus filhos muito bem. Quero que eles tenham o que eu não tive. 

Jovelina morreu de enfarte aos 54 anos, no bairro do Pechincha.
O sucesso chegou tardiamente e ela não realizou o sonho de "ganhar muito dinheiro e dar aos filhos tudo o que não teve".

Deixou três filhos - José Renato, Cassiana  e Cleyton. 

Pesquisa: Rosa Moreno
Crédito: Revista Raça Brasil  


Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...