domingo, 28 de maio de 2017

Mãe Beata de Iemanjá sempre presente

Morreu ontem, sábado (27/05), aos 86 anos, a Mãe Beata de Iemanjá. A Ialorixá fundou o terreiro de candomblé Ilê Omi Oju Arô em 1985 no bairro Miguel Couto, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. O local é referência de resistência e luta no combate ao preconceito racial, cultural e e da religião do candomblé e virou Ponto de Cultura com oficinas de dança, música, artes e geração de renda. Lá, a sacerdotisa tinha planos de construir uma biblioteca. A sacerdotisa esteve à frente, ainda, da ONG Criola, organização de mulheres negras que atua contra o racismo, o sexismo e a violência contra a mulher.

Mãe Beata nasceu numa encruzilhada de Cachoeira de Paraguaçu, no Recôncavo Baiano. Ela contava que sua mãe entrou em trabalho de parto quando pescava dentro de um rio e não houve tempo de voltar à casa. Na década de 1950 foi morar e Salvador em 1969, com seus quatro filhos, foi para o Rio de Janeiro.

Sem ensino formal,  – estudou apenas até o terceiro ano primário -, Mãe Beata de Iemanjá escreveu quatro livros: "Caroço de dendê: a sabedoria dos terreiros", "Histórias que minha avó contava", "Tradição e Religiosidade", "O Livro da Saúde das Mulheres Negras". Apesar disso, ela defendia transmissão de sua sabedoria pela oralidade e de forma simples. “O papel, o vento leva e a chuva molha. O que Olorun põe na nossa cabeça ninguém pode tirar”, defendia.

Ao longo de sua vida, reuniu-se com autoridades, presidentes e esteve entre os líderes religiosos escolhidos para enviar as bênçãos para os jogadores que disputaram a Copa de 2014, ao lado do papa Francisco.

O site da ONG Criola presta homenagem ao seu exemplo de mulher negra forte, atenta, solidária, generosa, acolhedora: “Que o Orum a acolha e conforte o coração de sua família, biológica e espiritual, amig@s e admirador@s e também o nosso.”

O Samba do Monte declara seu respeito à história e ao legado de Mãe Beata.

Salve, Mãe Beata!

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